sexta-feira, 18 de março de 2016

Meu azar (Foi não te ver antes)



Eu sempre havia achado
Que eu era um cara um tanto azarado
Desde pequeno, os cortes
Os hematomas, as quedas
Sempre aparecia um machucado
Que eu não sabia onde o tinha ganhado
E nos últimos tempos, raro é o dia
Em que não me corto
Ou que não bato o dedinho na quina do sofá
Mas a vida às vezes dá aquelas reviravoltas
Que mudam até mesmo nossa onda de azar
E foi quando vi aquela moça
Naquela festa, num vestido longo
Me lembro até da cor, mas é puro detalhe
Talvez fosse até poético citar, mas deixa pra lá
Ela, linda como talvez só ela podia ser
Me disseram que ela tinha um namorado
Era um advogado, engenheiro, médico ou soldado
Sei lá, nem me lembro o que era, tanto faz
Ela sorriu, como talvez só ela o faria
Se tinha namorado, noivo, irmão ou pai bravos
Nesse momento os detalhes não importavam
Eu tinha vivido o suficiente para ver aquele sorriso
Sobrevivi a tudo aquilo que eu chamava de azar
Nesse momento então eu percebi
Simplesmente por ter visto ela sorrir
Ainda que isso não pareça muito
Mas naquela hora eu era um cara de sorte.

                                     - Rodrigo Fernandes