Não guardo para mim as duras mágoas do passado
Mantenho apenas o coração aberto e escancarado
Pelas muitas feridas que se via torturado
Encontrava-se, deveras, muito fatigado
De ser constantemente por outras, despedaçado
Encanta-se pelo carinho que lhe é oferecido
Mas se vê por teu querer um tanto escarnecido
Pois pelo teu passado me encontro repartido
Sentimento inexplicavelmente dividido
Em pouco tempo por ti me vejo esquecido
Teu olhar que me olha num fluxo variante
Já não se pode sentir no teu coração o bater tão pulsante
Nas tuas palavras já se sente um tom cortante
Nossos passos seguem juntos, mas num andar meio vacilante
Amor este que não consegue se manter mais constante
Entre nós um sentimento muito mesquinho
Nos relega viver cada um seu amor sozinho
Tendo a dor no peito seu próximo vizinho
Que embriaga o sentimento como o gole de um vinho
Cegamente me obriga por estas ruas sozinho andar
Pouco a pouco por dentro te vejo me matar
Soltando palavras de amor que você me fica a jurar
Aos meus ouvidos este amor tão falho a murmurar
Tudo que eu olho, cada rosto que eu via era você
Já não te vejo mais nem em meus sonhos, não sei o por quê
Não encontro dentro em mim mais tanto querer
Amar-te um pouco mais queria eu poder
Mas manter isto assim só nos faria sofrer
E mesmo assim ainda uma chance contigo ter
E me dói imensamente sequer saber
Como estas palavras eu poderia vir a lhe dizer
Mesmo num amar tão adolescente
Não consegue se manter tão permanente
Segue num caminho por si só tão descontente
O não querer se mostra a nós tão sutilmente
Anseia por algo novo muito loucamente
Insiste no viver que acompanha esta sofreguidão
Anda de mãos dadas para sempre com a solidão
Sente a amargura que aperta o coração
Silencia a cada nota aquilo que um dia era canção
Já sente mais naquilo tudo que já foi paixão
Apaga as marcas que um dia deixaste em meu colchão
Sonhos e tempo que jazem arremessados pela janela
Num abrir de olhos um novo mundo para mim se revela
Perceber então que não poderia ser ela
Feito as reviravoltas que se dá em uma novela
Vejo ali se apagar subitamente chama da vela
Cresce então paz tão desejada e tão singela
Acha acalento no aconchego de outra voz
Este querer incessante se torna o teu algoz
Esta vontade que se mostra muito feroz
De se ver tão encantado outra vez tão veloz
Nova paixão que no peito suas marcas tatua
Com palavras duras num voz calma se insinua
Deixa por se ver minha alma completamente nua
Mostro-te minha vontade ainda muito crua
De desejar que minha vida seja somente sua
Amanhecer a caminhar solitário em tua rua
Uma nova história vai sendo escrita assim
Nesta paixão que agora queima em mim
Querer ser o dono, cuidar deste teu jardim
Onde reina o aroma doce da flor de jasmim
Querer ser teu e contigo até que veja o fim
Meu frasear mostra meus pensamentos dispersos
O meu falar que agora expressa motivos Inversos
Nestes sentimentos que parecem controversos
Deixo-me sentir neles agora um tanto imersos
Pensamentos meus para ti agora tão diversos
Cujo centro é você para quem agora escrevo estes versos
- Rodrigo Fernandes Moraes
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